Livros da Bíblia

Conheça o Evangelho de Mateus

Autor: Tradicionalmente, o apóstolo Mateus

Data da Escrita: Entre 50 e 70 d.C., escrito na Judeia

Tema: Jesus Cristo como o Messias Prometido

Sobre o autor e título do Evangelho de Mateus

As tradições primitivas da Igreja são unânimes em atribuir o primeiro Evangelho a Mateus, o ex-cobrador de impostos que seguiu Jesus e se tornou um dos seus 12 discípulos. A autoria de Mateus é negada por alguns estudiosos, especialmente com base no parecer de que o autor deste livro tomou emprestado do Evangelho de Marcos muito do seu material. Contudo, Mateus era um apóstolo e Marcos, não; portanto, presume-se que Mateus não precisaria (nem escolheria) depender do material de Marcos.

Quando Jesus o chamou, Mateus estava sentado na coletoria (Mt 9.9), cobrando impostos para Herodes Antipas. Isso pode ter acontecido ao longo de uma rota comercial de aproximadamente 6,4 km de Cafarnaum. Contudo, a narrativa que envolve o chamado de Mateus passa em Cafarnaum. Em seu chamado no primeiro Evangelho, a referência é a “Mateus”, enquanto o Evangelho de Marcos e de Lucas o descreve como “Levi, filho de Alfeu” e “Levi”.

O fato de trabalhar como cobrador de impostos sugere que Mateus tinha treinamento em técnicas relativas à escrita e que, assim, estava apto a escrever, ao passo que sua identidade como cristão judeu galileu sugere habilidade para interpretar as palavras e ações de Jesus à luz das expectativas messiânicas.

Qual a data que foi escrito o Evangelho de Mateus?

Não se sabe a data precisa da redação do Evangelho de Mateus. Alguns estudiosos argumentam uma data posterior à destruição de Jerusalém em 70 d.C., uma vez que Jesus faz alusão a esse acontecimento em 24.1-28. Naturalmente, tal conclusão é justificada apenas se negarmos a capacidade de Jesus de predizer o futuro. À luz da afirmação feita por Irineu (c. 175 d.C.) de que Mateus compôs seu Evangelho enquanto Pedro e Paulo ainda estavam vivos, este Evangelho tradicionalmente tem como data o final da década de 50 ou o início dos anos 60 do séc. 1 d.C.

Sobre o tema, propósito, ocasião e contexto do Evangelho de Mateus

Esta é a história de Jesus de Nazaré, registrada pelo apóstolo Mateus como um convincente testemunho de que Jesus era tão esperado Messias – que trouxe o Reino de Deus à Terra – e o cumprimento, profetizado anteriormente, da promessa divina da paz e libertação verdadeiras, tanto para judeus como para gentios.

Mateus elaborou seu relato para provar isto: a identidade messiânica de Jesus, a sua genealogia como descendente da realeza davídica sobre Israel e o cumprimento da promessa feita ao seu antepassado Abraão (Mt1.1), a qual incluía a bênção para todas as nações (Gn 12.1-3). Dessa forma, o Evangelho de Mateus é, em grande parte, uma ferramenta evangelística destinada aos seus compatriotas judeus, persuadindo-os a reconhecerem Jesus como seu tão esperado Messias. Ao mesmo tempo, o Evangelho revela claramente aos gentios que a salvação por intermédio do Messias, Jesus, está disponível a todas as nações. Para os cristãos judeus, o Evangelho de Mateus fornece encorajamento para eles permanecerem firmes em meio à oposição dos seus próprios compatriotas e também dos gentios pagãos, certos da sua cidadania no Reino de Deus.

Nesse contexto de oposição à mensagem de Jesus, Mateus estabelece a identidade da Igreja de Cristo como o verdadeiro povo de Deus, um grupo que agora encontra sua unidade no serviço a Jesus, apesar das antigas barreiras de etnia, classe e religião. Seu Evangelho fornece a instrução necessária para todos os futuros discípulos, judeus e gentios, que formam uma nova comunidade, centrada na devoção e obediência ao Messias, Jesus, em meio à expressiva oposição.

A mensagem de Mateus dirigia-se a todas as incipientes igrejas de sua época, e o Evangelho parece ter circulado de forma rápida e ampla.

Resumo da história da salvação no Evangelho de Mateus

Jesus vem como o Rei messiânico da linhagem de Davi para cumprir o AT, especialmente suas promessas de salvação eterna. O cumprimento supremo vem com sua crucificação e ressurreição.

Características literárias e assuntos principais do Evangelho de Mateus

O principal gênero de Mateus é o Evangelho, e a estrutura organizacional de todos os quatros Evangelhos é a narrativa, ou história. Contudo, junto com a estrutura narrativa do Evangelho de Mateus, uma grande quantidade de espaço é dedicada aos discursos de Jesus. Além disso, também aparece a habitual variedade de subtipos: histórias de nascimento, histórias de chamado ou vocação, histórias de milagres, parábolas, histórias de pronunciamentos, histórias de encontros, histórias de martírio e histórias de ressurreição.

A características literária mais notável, no que diz respeito ao formato do livro, é o padrão oscilante em torno do qual o livro está organizado. O material do Evangelho de Mateus está baseado em um movimento rítmico que alterna blocos de material narrativo e blocos de material discursivo. Há cinco passagens de discurso, que podem ser vistas como correspondentes aos cincos dedos da mão e assim facilmente lembradas se elencarmos as perguntas que Jesus efetivamente responde em cada unidade:

(1) Como os cidadãos do Reino devem viver (caps. 5-7)?

(2) Como os peregrinos discípulos devem se portar nas suas viagens evangelísticas (cap.10)?

(3) Quais parábolas Jesus contou (cap. 13)?

(4) Que advertências foram dadas por Jesus sobre não impedir entrada no Reino e sobre perdão (caps. 18-20)?

(5) Como terminará a história da humanidade (caps.24-25)?

Mateus ainda usou uma fórmula para sinalizar essas unidades: encerrou-as com a declaração “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras”.

As características de estilo peculiares a Mateus incluem citações recorrentes do AT e uma ênfase na realeza de Jesus (até mesmo a genealogia da abertura do livro coloca José, pai de Jesus, na linhagem de Davi). Além disso, Mateus gosta muito do termo “Filho de Davi” como um título para Cristo, das declarações de que “Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito [pelos os profetas]” e da fórmula “o Reino dos Céus é semelhante a…”.

  1. Descrição de Jesus. Ele é o verdadeiro Messias, o Emanuel (Deus encarnado com seu povo), o Filho de Deus, Rei de Israel e Senhor da Igreja.
  2. A ligação entre o Antigo e Novo Testamento. Jesus cumpre as esperanças e promessas do AT por meio de sua genealogia messiânica, de seu cumprimento das profecias do AT e de seu cumprimento da lei do AT. Essas características conectivas podem ter sido umas das razões pelas quais Mateus foi escolhido para começar o cânone do NT. Outra possível razão é que muitos na Igreja Primitiva pensavam que o Evangelho de Mateus fora o primeiro a ser escrito, e outra é que ele foi particularmente escrito por um apóstolo, ao contrário de Marcos e Lucas.
  3. “Particularismo” e “universalismo” da salvação histórica. O Evangelho de Mateus traça a obra contínua da salvação dentro de Israel (“particularismo”) e estende essa obra salvífica a todas as pessoas da terra (“universalismo”), por meio da pessoa e obra de Cristo.
  4. A nova comunidade de fé. A Igreja Primitiva incluiu cristãos judeus e também gentios. O Evangelho de Mateus os encorajou a transcender as barreiras étnicas e culturais para unirem-se no serviço ao Messias, Jesus, como membros da sua Igreja universal.
  5. A Igreja está edificada sobre Jesus e é sustentada pela sua contínua presença. A obra salvífica de Deus na era atual é realizada principalmente pela Igreja e através da Igreja; e Jesus continua a edificar e habitar nela. Aquele que responde ao chamado de Jesus – seja judeu ou gentio, homem ou mulher, rico ou pobre, escravo ou livre – é trazido à comunhão da sua Igreja para deleitar-se em Jesus e participar da comunidade do seu Reino.
  6. A “grande comissão” para evangelismo e missão. A ordem de Jesus para “fazer discípulos de todas as nações” é encontrada somente em Mateus e tem motivado inúmeros crentes a ir em busca dos perdidos com as Boas-Novas do evangelho. Da mesma maneira que Jesus fez discípulos em seu ministério terreno, ele comissiona sua Igreja a seguir seu exemplo. 
  7. Os cinco discursos de Jesus registrados em Mateus podem ser vistos como um manual sobre discipulado. A apresentação de cinco dos principais discursos de Jesus, dirigidos pelo menos em parte a seus discípulos, constitui a mais completa colação encontradas nas Escrituras do ministério de instrução de Jesus. Esses discursos pintam uma imagem holística da vida vivida em obediência a Cristo, e a Igreja os tem usado, ao longo do tempo, para instruir discípulos.

 

Artigo da Bíblia de Estudo NAA.

Leia também Os Livros do Novo Testamento.

 

 

 

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