Livros da Bíblia

Conheça o Evangelho de Lucas

Autor: Tradicionalmente, o médico e escritor Lucas

Data da Escrita: Início dos anos 62 d.C., possivelmente escrito em Roma ou Acaia

Tema: Ministério de cura e compaixão de Jesus

Sobre o autor e título do Evangelho de Lucas

O terceiro Evangelho não traz o nome de seu autor, o que também acontece com o livro de Atos, segunda obra do mesmo autor de Lucas. A autoria de Lucas dos livros citados é confirmada por evidências externas e evidências internas. A tradição da Igreja que apoia a tese de Lucas como autor desses livros é antiga e unânime. As seções de Atos escritas na primeira pessoa do plural pressupõem que o autor era um companheiro de Paulo e que participou dos acontecimentos descritos nessas seções.

Sabe-se que o autor era da segunda geração da Igreja Primitiva, que não fazia parte do grupo das “testemunhas oculares” do ministério de Jesus (Lc 1.2) e que era um gentio (Lucas era “por linhagem, natural de Antioquia, e médico de profissão”). Tudo isso confirma a tradição de que Lucas foi o autor do terceiro Evangelho.

Qual a data que foi escrito o Evangelho de Lucas?

A data mais antiga e plausível para Lucas é imediatamente após os acontecimentos registrados por Lucas em At 28, c. 62 d.C. Na verdade, Lucas pode ter sido escrito um pouco antes, e Atos pode ter sido concluído por volta dessa época.

Aqueles que defendem uma data posterior para a redação de Lucas entendem como natural o fato de Lucas terminar com Paulo pregando em Roma, pois isto mostra que a pregação “até os confins da terra” de At 1.8 se cumpriu. Tendo em vista que o propósito principal de Lucas é contar a história de como o evangelho chegou até a gentia capital romana, no momento em que esse propósito foi alcançado a história poderia chegar ao seu fim natural, independentemente do que acontece a Paulo.

Sobre o tema do Evangelho de Lucas

Lucas escreveu seu Evangelho para que seus leitores compreendessem que o evangelho é para todos, tanto judeus como gentios, pois Jesus é o prometido de Deus, conforme profetizado no AT e atestado pela atividade salvífica de Deus na vida, morte e ressurreição de Jesus. Além disso, Lucas enfatizou a veracidade das tradições cristãs nas quais seus leitores foram instruídos, para que, ao crerem em Jesus Cristo, o Filho de Deus, recebessem o prometido Espírito Santo, o qual ele concede a todos os que o seguem.

Sobre o propósito, ocasião e contexto do Evangelho de Lucas

O público-alvo mais amplo de Lucas consistia principalmente de cristãos gentios, tais como Teófilo, que já haviam sido instruídos sobre Jesus. Lucas, porém, sem dúvida, percebeu que seu relato sobre a vida e a mensagem de Jesus também seria útil no evangelismo entre os não cristãos. Lucas provavelmente tinha vários objetivos ao escrever:

  1. Assegurar seus leitores da certeza das coisas nas quais foram instruídos. Lucas menciona que o material que está compartilhando é bem conhecido. O fato de o material provir do relato de testemunhas oculares (Lc 1.2) também certifica seus leitores da certeza do ensino que tiveram. Lucas também busca assegurar seus leitores demonstrando que os acontecimentos registrados em Lucas-Atos foram o cumprimento da profecia antiga e das profecias de Jesus.
  2. Ajudar seus leitores a entender de que forma a rejeição de Israel a Jesus e à entrada dos gentios no Reino de Deus estão de acordo com o plano divino. Lucas enfatiza que o cristianismo não é uma religião nova, e sim o cumprimento e a expressão contemporânea da religião de Abraão, Isaque e Jacó.
  3. Esclarecer a seus leitores o ensino de Jesus sobre o fim dos tempos, mostrando que ele não ensinou que a parousia (“volta de Cristo”) viria imediatamente, mas que haveria um período entre sua ressurreição e sua volta. Não obstante, Jesus voltaria de modo corporal, e os crentes devem viver em vigilante expectativa.
  4. Enfatizar que seus leitores não precisam temer Roma. Lucas alude a este tema, destacando o desejo de Herodes e Pilatos de libertar Jesus e o reconhecimento do centurião romano acerca da inocência de Jesus. Lucas também registra (em Atos) diversas ocasiões em que as autoridades romanas intervieram para socorrer Paulo. Quando houve perseguição por parte de oficiais romanos, explica Lucas, isto se deu por equívoco, e a perseguição cessou imediatamente quando o erro foi descoberto.
Características literárias do Evangelho de Lucas

A narrativa de Lucas, como um todo, segue a cronologia da vida e morte de Cristo. Nenhum Evangelho contempla uma gama tão completa de subgêneros quanto Lucas: histórias de anúncio; narrativas de nascimentos; salmos líricos de louvor; cânticos de Natal; profecias; genealogias; histórias de preparativos; histórias de tentação, de chamados, de reconhecimento, de conflitos, de encontros, de milagres e de pronunciamentos; parábolas; bem-aventuranças; sermões; provérbios; histórias da Paixão; narrativas de julgamentos e relatos da ressurreição. Em termos estilísticos, Lucas é conhecido por seus vívidos detalhes descritivos e por sua habilidade em dar vida às cenas na imaginação.

O Evangelho de Lucas tem sua unidade fundamental na pessoa de Jesus Cristo e na sua missão de buscar e salvar os perdidos. Desde o primeiro anúncio da sua vinda até sua ascensão ao céu, Jesus é o centro de tudo: os cânticos são em seu louvor, os milagres acontecem por seu poder, o ensinamento provém da sua sabedoria, o conflito surge por causa das suas afirmações, e a cruz é aquela que somente ele podia carregar.

Lucas também confere unidade literária ao seu relato entrelaçando as histórias de Jesus e João Batista, começando e terminando sua história no templo, apresentando a vida de Jesus como uma jornada em direção a Jerusalém, seguindo o progresso dos discípulos à medida que eles assimilam o custo exigido pelo discipulado. A unidade do Evangelho também fica evidente na declaração de Jesus a Zaqueu: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (19.10).

Assuntos principais do Evangelho de Lucas
  1. O governo soberano de Deus sobre a história. As promessas feitas por Deus, através dos profetas, já estão se cumprindo.
  2. A chegada e a presença real do Reino de Deus. Não obstante, a consumação do Reino ainda é um acontecimento futuro, uma bendita esperança pela qual a igreja ora.
  3. A presença e a permanência do Espírito Santo em Jesus e em seus seguidores. O Espírito está presente no Evangelho de Lucas desde o nascimento de João Batista e de Jesus até o final. O Espírito está presente na dedicação de Jesus no templo, em seu batismo, tentação, ministério terreno e primeiro sermão. O Espírito Santo é central na mensagem de João Batista, e Jesus, em sua ascensão, promete o futuro derramamento do Espírito em poder.
  4. A grande inversão que ocorre no mundo, na qual os primeiros se tornam últimos e os últimos se tornam os primeiros, os orgulhosos são humilhados e os humildes são exaltados. Lucas coloca grande ênfase no amor de Deus pelos pobres, publicanos, rejeitados, pecadores, samaritanos e gentios.
  5. Os crentes devem viver uma vida de oração e de correta administração prática dos bens. Na narrativa de Lucas, a oração ocorre em cada aspecto importante da vida de Jesus: em seu batismo; na escolha dos Doze; na confissão de Pedro; na transfiguração de Jesus; no seu ensinamento sobre a oração do Pai-Nosso; antes da negação de Pedro; etc.
  6. O perigo das riquezas é constantemente enfatizado em Lucas, uma vez que o amor às riquezas sufoca a semente do evangelho e a impede de frutificar. Este perigo é tão grande, que Jesus adverte frequentemente seus leitores a não colocar seus corações nas riquezas e a dar generosamente aos pobres. Os “ais” proferidos contra os ricos arrogantes estão em flagrante contraste com as bênçãos proferidas aos pobres humildes.

 

Texto: Bíblia de Estudo NAA.

Leia também O Evangelho segundo Marcos.

 

 

 

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