Pois quando já deviam ser mestres, levando em conta o tempo decorrido, vocês têm, novamente, necessidade de alguém que lhes ensine quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus (Hb 5.12).

O ESTUDO DA TEOLOGIA é considerado por muitos como desinteressante, maçante, irrelevante e complicado. Porém, para aqueles que querem conhecer a Deus, o estudo da teologia é indispensável. A palavra “teologia” vem de dois termos gregos, theos (“Deus”) e logos (“palavra”). O estudo da teologia é um esforço para elaborar afirmações conclusivas sobre Deus – e sobre as implicações disto – de forma precisa, coerente e relevante, com base nas autorrevelações de Deus. A doutrina prepara as pessoas para cumprirem seu principal objetivo: glorificarem e regozijarem-se em Deus por meio de um profundo conhecimento pessoal sobre ele. Um relacionamento profícuo com Deus depende de conhecê-lo corretamente.

A capacidade de amar e apreciar uma pessoa e de contar a outros sobre ela cresce à medida que a conhecemos melhor. Amor e conhecimento andam de mãos dadas. Aqueles que amam estudam o amado. Conhecer a Deus é objetivo da teologia. Conhecimento sem devoção é ortodoxia fria e morta. Devoção sem conhecimento é instabilidade irracional. Mas o verdadeiro conhecimento de Deus inclui entender todas as coisas a partir da perspectiva de Deus. Teologia é aprender a pensar os pensamentos de Deus. É aprender o que ele ama e abomina; é ver, ouvir, pensar e agir da maneira que Deus o faz. Saber como Deus pensa é o primeiro passo para se tornar piedoso.

Há quem pense que é preferível apenas ser uma pessoa “boa” e “amar” a Deus, sem nenhuma ênfase na doutrina. Mas ser uma pessoa boa pode significar coisas radicalmente diferentes, dependendo do que alguém pensa ser “bom”, ou do que constitui propriamente uma “pessoa”. Amar a Deus também pode ser muito diferente, depende da concepção que se tem sobre “Deus” ou “amor”.

A boa teologia está baseada na crença de que Deus existe, de que é um ser pessoal, que pode ser conhecido e que revelou a si mesmo. Essas premissas motivaram os teólogos a dedicarem-se a uma busca apaixonada para conhecer a Palavra de Deus. Infelizmente, a palavra “teólogo” quase sempre é usada exclusivamente para teólogos profissionais, e que quase nunca em referência as pessoas que se dedicam, com seriedade, a conhecer a Deus. Em certo sentido, todo aquele que pensa sobre Deus é um teólogo. Mas um crente cuja vida é dedicada a conhecer seu Senhor é ainda mais propriamente um téologo – e teólogos estão comprometidos com a verdade.

Sobre o método teológico

A teologia sistemática busca sintetizar o ensino bíblico em temas específicos, com a finalidade de extrair conclusões relacionadas à vida. Deus se revelou ao seu povo na história humana – razão pela qual ele pode ser conhecido pessoalmente. Ele se revelou em fatos e declarações, mas não apenas isso: aquilo que é objetivamente verdade acerca dele também foi revelado na experiência subjetiva dos acontecimentos históricos. As experiências que o povo de Deus teve com o próprio Deus, na Bíblia, constituem a base para as experiências de todos os crentes com Deus ainda hoje. A revelação de Deus é pessoal e histórica; portanto, a compreensão bíblica de Deus é progressiva e cumulativa. O teólogo deve, por conseguinte, considerar o contexto histórico e a natureza progressiva da revelação em cada estágio. O processo teológico deve incluir cuidadosa exegese das passagens que são relevantes para a questão proposta. Além disso, a exegese deve ser feita com grande sensibilidade ao contexto histórico das passagens em estudo. Esse método teológico produziu diversas áreas concentradas em estudo.

Sobre o processo teológico

O processo teológico pode ser classificado sob diversos aspectos e disciplinas. Em particular, a teologia sistemática se baseia nas conclusões da exegese e da teologia bíblica. Ela tenta resumir o ensino da Escritura em declarações breves, compreensíveis e cuidadosamente formuladas. Ela se ocupa em reunir, sintetizar e compreender adequadamente todas as passagens relevantes da Bíblia sobre os diferentes temas e, então, resumir seus ensinos de forma clara, para que o povo de Deus saiba em que crer e como viver em relação às questões teológicas.

Exegese. O processo de buscar determinar o significado correto de uma passagem específica da Escritura.

Teologia Bíblica. O estudo da revelação escriturística com base na moldura histórica apresentada na Bíblia.

Teologia sistemática. O estudo que responde à pergunta: “O que a Bíblia como um todo nos ensina hoje sobre um determinado tema?

Teologia histórica. O estudo de como os crentes de diferentes eras da história da Igreja compreenderam os diversos temas teológicos.

Teologia filosófica. O estudo de temas teológicos principalmente mediante o uso de ferramentas e métodos de raciocínio filosófico e de informações obtidas a partir da natureza e da razão (“revelação geral”), à parte da Bíblia.

Teologia prática. O estudo de como aplicar melhor as verdades teológicas à vida da Igreja e do mundo (incluindo pregação, educação cristã, aconselhamento, evangelismo, missões, administração eclesiástica, culto etc.).

Apologética. O estudo da teologia que visa defender a doutrina cristã contra críticas e distorções, bem como fornecer provas de sua credibilidade.

Conheça as principais categorias de estudo na teologia sistemática

Segue os principais temas abordados no estudo da teologia sistemática.

Área de Estudo                                 Título técnico

Método e Fundamentação                  Prolegômena                            

Bíblia                                                  Bibliologia

Deus                                                   Teologia propriamente dita

Humanidade (ou homem)                   Antropologia

Pecado                                                Hamartiologia

Cristo                                                 Cristologia

Espírito Santo                                    Pneumatologia

Salvação                                            Soteriologia

Igreja                                                 Eclesiologia

Últimas coisas                                   Escatologia

Doutrinas essenciais vs. Doutrinas periféricas

A capacidade de discernir o peso relativo das crenças teológicas é vital para uma vida e um ministério cristão eficaz. Nesta questão estão em jogo a pureza e a unidade da Igreja. O peso relativo das questões teológicas se enquadra em quatro categorias: (1) absolutos definem as crenças centrais da fé cristã; (2) convicções, embora não sendo crenças centrais, podem ter impacto significativo sobre a integridade e efetividade da igreja; (3) opiniões são questões menos óbvias que geralmente não causam divisões; (4) dúvidas são questões atualmente não resolvidas.

Para determinar em qual dessas categorias uma questão se enquadra, é importante levar em conta a força cumulativa de pelo menos sete considerações: (1) clareza bíblica; (2) relevância para o caráter de Deus; (3) relevância para a essência do evangelho; (4) frequência e importância bíblica (com qual frequência é ensinada na Escritura, e qual peso a Escritura lhe dá); (5) efeito sobre outras doutrinas; (6) consenso entre os cristãos (no passado e no presente); e (7) efeito sobre a vida pessoal e sobre a vida da igreja.

Esses critérios para se determinar a importância de crenças específicas devem ser considerados à luz de seu peso cumulativo concernente à doutrina a ser considerada. Por exemplo, o simples fato de uma doutrina contrariar o consenso geral dos crentes (veja item 6) não significa necessariamente que é errada, embora isso possa adicionar algum peso ao argumento contra ela. Todas as categorias devem ser consideradas em conjunto para se determinar a importância de certo assunto para a fé cristã. A capacidade de discernir corretamente a diferença entre doutrinas centrais e questões legitimamente discutíveis impedirá que a igreja comprometa uma verdade importante ou se divida desnecessariamente por causa de questões periféricas.

Texto: Bíblia de Estudo NAA – Nova Almeida Atualizada.

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